Passar para o conteúdo principal

Gil Vicente

Imagem Cozinha com Historia
Gil Vicente
Tipo de conteúdo
Cozinha com Historia
Gil Vicente
Texto Cozinha com Historia

As referências a Cascais, em várias obras literárias, são hoje do domínio comum.

Gil Vicente considerado o fundador do teatro português, o grande representante da literatura renascentista antes de Camões (que já teve destaque no nosso site), também refere a nossa vila em três das suas obras: Triunfo do Inferno, Farsa de Inês Pereira e Cortes de Júpiter.

Na farsa Triunfo do Inferno (1529), uma das personagens declama o seguinte trecho: 

pelas moscas diligentes, / emparo de gafanhões, / remédio pera rascões / que dormem sempre chameante, / e furtam nesses favões, / e mantem-se polas vinhas, / que não puseram seus pais: / e quanto às comarinhas, / sem elas vive Cascais

Esta figura excecional do teatro Português está muito presente na vida dos Cascalenses através do Teatro que ganhou o seu nome. Inaugurado a 19 de Setembro de 1869, a sala de espetáculos, foi palco dos muitos eventos culturais da vila. Local de convívio da alta sociedade que vinha a Cascais em Veraneio, da qual fazia parte a família real.

Da vida de Gil Vicente pouco se sabe, desconhecendo-se data e local exatos do seu nascimento. Sabe-se no, entanto, que para além de ser dramaturgo também exerceu a profissão de ourives do reino. Estreou-se em 1502 com a peça de teatro O Auto da Visitação que apresentou nos aposentos da rainha D. Maria, consorte de D. Manuel, em homenagem ao nascimento do príncipe D. João. Assistiram a esta peça D. Leonor (que viria a ser sua grande protetora), viúva de D. João II e D. Beatriz, mãe do rei.

Mais tarde foi convidado para ser o responsável pela organização de eventos palacianos. D. Leonor pediu ao dramaturgo que repetisse a peça na manhã de Natal, mas Gil Vicente decidiu, escrever o Auto Pastoril Castelhano. A encenação incluiu uma oferenda de prendas simples e rústicas, ao futuro rei, de onde destacamos os queijos.

O dramaturgo escreveu mais de 40 peças, de onde se destacam : O Velho da Horta, Auto da Barca do Inferno, Auto da Feira, Quem tem Farelos, entre outras,  onde Gil Vicente criticou de forma cruel a sociedade do seu tempo.

Ora, gostaríamos de partilhar uma receita relacionada com Gil Vicente. Então descobrimos que as favas eram parte da base de alimentação do século XVI. Ainda hoje, as favas continuam a ser muito apreciadas, tanto no concelho de Cascais, onde são semeadas nas pequenas hortas, como a nível nacional. Constituindo-se, assim, uma referência no património gastronómico português. E, como estamos na sua época, deixamos aqui uma receita de sopa de favas, característica de Cascais, que poderá ser degustada enquanto lê um trecho de uma das obras deste nosso ilustre dramaturgo.