Passar para o conteúdo principal

Luís Vaz de Camões 

Imagem Cozinha com Historia
Luís Vaz de Camões, escultura de José Cargaleiro no Centro Cultural de Cascais
Tipo de conteúdo
Cozinha com Historia
Luís Vaz de Camões 
Subtítulo Cozinha com Historia

A estátua de calcário de Luís Vaz de Camões ergue-se em Cascais, no largo com o seu nome, para que nunca nos esqueçamos que o nosso ilustre poeta desembarcou na Baía de Cascais vindo da sua viagem ao Oriente a 1 de Abril de 1569, a bordo da Nau Santa Clara. Assim, evitou um desembarque numa Lisboa ameaçada pela peste. 

Texto Cozinha com Historia

Não se pode dizer que a obra deste poeta esteja repleta de referências a comidas.


Embora em Os Lusíadas se encontrem algumas referências a produtos alimentares, como é o caso das especiarias. No entanto, podemos afirmar que a história de Camões com Cascais passou também por um episódio que envolve galinhas. Dito assim soa estranho. Mas passamos a explicar.  

Com 50 anos Camões está doente, coxeia, está cego de um olho e pobre. Os seus sonhos estão desfeitos. Continua a ser admirado nas ruas de Lisboa, mas a verdade é que os seus rendimentos da escrita não são suficientes para o sustentarem de forma conveniente. 

Por esta altura as galinhas são o sustento básico da alimentação dos portugueses. No século XVI estas aves eram muito apreciadas no nosso país. Camões começa a trocar versos por galinhas.

E é nessa altura que um fidalgo de Cascais, D. António de Castro (o 4º Conde de Monsanto), lhe faz uma encomenda de versos (copla) e como moeda de troca compromete-se a oferecer-lhe 6 galinhas recheadas. Ora, Camões teria almoços e jantares para uma série de dias. No entanto o Conde falta ao prometido e só lhe entrega meia galinha. O nosso poeta reage a esta situação da seguinte maneira: 

«Cinco galinhas e meia 
Deve o Senhor de Cascais 
e a meia vinha cheia 
de apetite para asa demais.» 

Mas a referência a galinhas, também, se encontra no auto “Comédia de Anfitriões” onde o poeta introduz, num diálogo, a excelência da carne desta ave.

«Mercúrio – la carne de algum humano me seria muy saborosa
Sósia –Oh que voz tão tenebrosa!
Homem comes, oh meu irmão?
Não é melhor outra coisa?
Carne humana é mui mesquinha,
Oh não comas disso não,
Antes carne de galinha.»

Nesta época, em Portugal, também eram muito apreciados os picados. Na receita que o Chef António Pires preparou para a terceira e última parte do livro “Receitas de Reis e Pescadores”, da autoria de Raquel Moreira e Cláudia Silva Mataloto, inspirou-se em algumas das referências a comidas que se encontram na obra de Luís de Camões e propõe Galinha Recheada a Camões.

Galinha Recheada a Camões : veja AQUI a receita