Bolo Santoro

Em Cascais, as crianças há muito que festejam o Dia do Pão-por-Deus. Antigamente, grupos separados por rapazes e raparigas percorriam as ruas das aldeias, batiam às portas dos casais e quintas, faziam soar as sinetas das casas mais abastadas e entoavam: “Dê o Pão-por-Deus!”. Guardavam as ofertas — pão condutado de queijo ou chouriço, nozes, figos, romãs e, nas casas mais ricas, até algum dinheiro — em saquinhos de talagarça ou pano quadrejado. No Estoril, debaixo das arcadas, eram senhoras ricas quem distribuía o Pão-por-Deus aos grupos de crianças. Em casa, as iguarias eram depois partilhadas com toda a família.
Hoje, a tradição mantém-se sobretudo no interior do concelho e nos bairros em redor da vila, já sem a urgência da fome de outros tempos, mas sempre com a alegria que as crianças sabem transmitir.

A 1 de novembro, Dia de Todos os Santos, continua a ser habitual ver grupos de crianças a ir de porta em porta pedir o Pão-por-Deus. A prática remonta pelo menos ao século XV, quando a distribuição de alimentos aos mais pobres passou a estar associada a esta data. Após o terramoto de 1755, o pedido “Pão, por Deus” ganhou ainda mais força, intensificando-se o costume de oferecer pão, bolos ou outras comidas em troca de orações pelos mortos.
É neste contexto que surge também o bolo Santoro, hoje ligado à tradição do Pão-por-Deus.