A Julie nasceu nos Estados Unidos da América, mas veio para Portugal em 1998 a convite de um amigo do seu pai para trabalhar numa empresa de design. “O que era para ser um estágio curto tornou-se permanente quando no primeiro mês encontrei o amor da minha vida, o Jacques. Ele vivia na zona de Cascais e foi desde então que me apaixonei por esta vila linda.” Que segundo ela, tem sabor a “mar, sol e bom-tempo”.
Licenciou-se em belas artes e trabalhou vários anos como designer gráfica. Mas a sua veia artística e a conjetura económica levaram-na para outros caminhos. A Julie detinha a revista “Quem é Quem” dedicada ao mundo das propriedades industriais/comerciais. Era uma revista de sucesso que contava com vários colaboradores, jornalistas e fotógrafos. Quando a crise de 2007 chegou, vendeu a revista e dedicou-se à profissão que sempre adorou. Aliou os seus dons artísticos à paixão pela culinária. Cozinhar sempre fora uma paixão e algo que era inerente à sua família. A avó decorava bolos de casamento e a sua mãe foi uma referência para ela. Por isso aventurou-se num novo caminho, também ele ligado à arte. Desenvolveu a sua técnica na Escola Wilton de Decoração de Bolos e Artes de Confeitaria e tirou cursos de Cake Design, tendo-se especializado em flores de açúcar. Viu o seu trabalho publicado em revistas do ramo.
Do seu cardápio de livros publicados, destaca-se “Os Bolos da Julie” que teve um grande sucesso em Portugal sendo premiado com o Gourmand International Book Award (2013) para o melhor livro de receitas em Portugal na categoria de fotografia. Seguiram-se “As Festas da Julie”, “A Bíblia dos Bolos de Casamento” e mais recentemente “Grande Livro de Bolos & Festas da Julie”.
As receitas são, habitualmente, divididas por estações do ano. Curioso. Para ela faz todo o sentido. “ Além do tipo de fruta da época, faz mais sentido comer um bolo leve no verão, como uma pavlova com framboesas e mirtilos, por exemplo, e um bolo mais consistente no inverno, com abóbora ou com cenoura e especiarias natalícias".
Hoje em, dia adora fazer bolos de casamento, principalmente para aquelas noivas que a deixam criar algo grande e deslumbrante. Subir a fasquia. “Como já fiz bolos de casamento com mais de 3 metros de altura e mais de 2000 flores de açúcar, é um verdadeiro desafio - mas estou pronta!” Gostaria de fazer o bolo de casamento do Cristiano Ronaldo “ainda estou à espera do telefonema dele…”. Mas na verdade todos os potenciais casais prestes a dar o nó são os seus clientes de sonho.
A Julie gosta muito de receber família e amigos em casa, “só na família do Jacques são 10 irmãos”. Dá-lhe muito prazer preparar jantares, brunches e festas. “Gosto de preparar tudo com ajuda do Jacques, incluindo a comida, as flores, a decoração, e claro as sobremesas!” Sim porque a Julie é mais aficionada pela pastelaria (ossos do ofício), mas também gosta de preparar outros petiscos e iguarias culinárias. Revelou, ainda, que gosta imenso de piri píri, e quando volta do estrangeiro, sente necessidade de comer “um bacalhau assado com aquele sabor salgado e o frango com piri pirí”.
Não resistimos a perguntar-lhe qual o ingrediente secreto para o sucesso de um simples bolo. A Julie aconselha que devemos seguir rigorosamente a receita, “medir os ingredientes à grama, colocar um termómetro dentro do forno para controlar a temperatura, e ter muita paciência”. Por falar em bolos resolvemos lançar-lhe um desafio. Se tivesse de fazer um bolo inspirado em Cascais como seria? “Além de ter muitas flores de açúcar, teria as cores do por do sol, que é único, e talvez com um pormenor dos azulejos e arquitectura típica de Cascais.”