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Eça de Queiroz

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Eça de Queiroz
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Cozinha com Historia
Eça de Queiroz
Texto Cozinha com Historia

Eça de Queiroz, nome incontornável da história da literatura portuguesa imortalizou-se com a publicação de obras como O Mistério da Estrada de Sintra (1870, em colaboração com o amigo Ramalho Ortigão), O Crime do Padre Amaro (1875) e Os Maias (1888). 

Em paralelo com a sua carreira literária, Eça construiu um percurso importante como cônsul de Portugal, tendo passado por Havana, Newcastle, Bristol e Paris. 

Apesar de ser um homem muito viajado, elegeu Cascais como destino obrigatório na época balnear. A convite do amigo conde de Arnoso, o escritor ficava inúmeras vezes na Casa de S. Bernardo (na atual Avenida Rei Humberto II de Itália), local que reunia, em animados jantares, os principais intelectuais da sua época, os autodenominados ‘Vencidos da vida’. Deste grupo faziam parte figuras como Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro ou o conde de Sabugosa. Eça era um grande apreciador da nossa costa e quando não estava na companhia dos amigos fazia longas caminhadas.

(…) ontem, por equívoco e más informações, dei um passeio tremendo (perto de 14 quilómetros) sob um sol ardente e uma nortada furiosa à busca do Pinhal da Guia!  Cheguei derreado. E estou ainda hoje amarfanhado. O tempo resplandecente como sol  mas desesperado como vento. Cascais é a caverna do velho Éolo, rei dos Aquilões.(...)

Carta de Eça de Queirós a sua mulher, Emília.
(fragmento)

O escritor nasceu na Póvoa de Varzim, mas por ter vivido em sítios tão diferentes, quer em Portugal quer no mundo, foi descobrindo a gastronomia destes lugares e apaixonando-se por sabores e pratos refinados. 

Devido a problemas de saúde nos últimos anos da sua vida, Eça foi obrigado a privar-se das coisas que mais amava, pratos e vinhos finos, para evitar consequências graves. Mas, “sempre que podia, entretanto, escapava às restrições, regalando-se então, por exemplo, com um estupendo bacalhau à cebolada” diz Beatriz Berrini, especialista na obra de Eça de Queiroz.

O seu amor pela gastronomia foi crescendo ao ponto de escrever um ensaio especificamente sobre culinária para a Gazeta de Notícias, intitulado de Cozinha Arqueológica em que sobretudo estuda a gastronomia dos Romanos.

Assim, a gastronomia desempenha um papel importante na vida e obra do romancista, apelidando-se de Gastronomia Queirosiana, o conjunto de todas as receitas e menções gastronómicas na obra do escritor. 

N’Os Maias é à volta das refeições que os momentos mais importantes do enredo acontecem. Exemplo disso é o jantar no Hotel Central e o jantar na Casa dos Gouvarinhos. Experienciamos, assim, a relevância que a comida possuía para o autor. Cada prato e bebida ou episódio gastronómico que o Eça introduz tem um papel único na sua obra. Ele comenta e aprecia a comida, através das suas personagens.

Em A cidade e as serras, também se nota uma grande menção à gastronomia. É o caso da “Galinha afogada em arroz” ou o famoso “Arroz de favas”, um dos pratos celebrados pela personagem Jacinto, quando chega à quinta de Tormes, no Douro.


E pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas. Que desconsolo! Jacinto, em Paris, sempre abominara favas!... Tentou todavia uma garfada tímida – e de novo aqueles seus olhos, que pessimismo enevoara, luziram, procurando os meus. Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala. Depois um brado: - ótimo!...Ah, destas favas, sim! Oh que fava! Que Delícia!

Em 1990, foi criada a Fundação Eça de Queiroz (FEQ) e, desde 1999, esta promove o serviço de almoço queirosiano, para grupos. Além disso, e com a inauguração do Restaurante de Tormes, em junho de 2014, passou a existir o serviço permanente de refeições queirosianas, para todas as pessoas que visitam a Fundação.

Para celebrar este escritor que tanto gostava da nossa terra partilhamos consigo o Bacalhau à Costa do Sol

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