Passar para o conteúdo principal

Almeida Garrett

Imagem Cozinha com Historia
Almeida Garrett
Tipo de conteúdo
Cozinha com Historia
Almeida Garrett
Subtítulo Cozinha com Historia

O escritor Almeida Garrett, “o mais incompreendido e insatisfeito romântico da literatura portuguesa”, vive nos últimos anos da sua vida, uma grande paixão. Ela era casada e membro da alta sociedade lisboeta, Rosa de Montufar Infante, esposa do amigo e Visconde da Luz, dezasseis anos mais nova que Garrett, arrebatou o seu coração e juntos iniciaram uma história de amor proibida, na nossa vila. Imaginem os encontros secretos em Cascais e as cartas trocadas cheias de promessas de amor. 

Texto Cozinha com Historia

Um ano após o falecimento da sua amada, o escritor publica o livro de poemas Folhas Caídas (1853), que escandalizou a sociedade da época. Lá encontram-se imensas referências à Viscondessa e um dos poemas recebeu o nome 'Cascais'.


Acabava ali a terra
Nos derradeiros rochedos
A deserta árida serra
Por entre negros penedos
Só deixa viver mansinho
Triste pinheiro maninho


(Garrett, 1999, p. 80).

Apesar deste romantismo vivido na nossa terra, foi em Viagens na minha terra (a sua obra prima, segundo o autor) que Garrett nos arrebatou com a outra paixão da sua vida, a gastronomia. Um livro escrito com os 5 sentidos. Amante de uma boa taberna no Ribatejo, o escritor observa o nosso país de uma forma primorosa. Ele comenta, medita e evoca. Regista a existência das árvores de frutos, a qualidade do vinho – “O que é um inglês sem Porto ou Madeira, sem Carcavelos ou Cartaxo?” - elogia as carnes e os peixes. É notório o quanto ele é apreciador de sorvetes e limonadas. Aliás, as maçãs e os limões eram frutos aos quais ele atribuía um inestimável valor.

Por muito romântica e intensa que tenha sido a sua história de amor com Rosa, na nossa vila, pelo Cascais Food Lab preferimos a relação que Garrett teve com a comida. Ele que almoçava ovos quentes, costelas de carneiro vitela assada também era grande apreciador de uma canja de arroz com uma folha de hortelã, ao jantar.

Não que não sejamos românticos (de românticos e loucos, todos temos um pouco), mas o nosso interesse foca-se mais nestas viagens pelo paladar que fazemos ao lado de Garrett, homem de temperamento impulsivo, apaixonado e irrequieto. Tal como este nome maior da nossa literatura, apreciamos uma boa experiência gastronómica, a partilha e a sensorialidade que revestem o momento de uma garfada.

Se o convidássemos para se sentar à nossa mesa, no Mercado da Vila, talvez lhe preparássemos uma Canja de Perdiz

Já leu Viagens na Minha Terra? Aproveite, a chegada do tempo frio, beba chá preto com leite acompanhado torradas (tal como fazia o nosso Garrett) e perca-se nas páginas desta obra única da literatura Portuguesa.