O clima mediterrânico temperado, sem grandes oscilações de temperatura devido à proximidade do mar, permite que Carcavelos produza este vinho licoroso de qualidade e tradição, com direito a menção específica de "Vinho Generoso".
De renome internacional e de tradição secular, a antiguidade deste precioso néctar encontra-se comprovada num Alvará de 1772, depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, que protegia a viticultura de Carcavelos, e a sua qualidade é reconhecida e confirmada pela Carta de Lei de 18 de Setembro de 1908.
A produção deste vinho foi durante séculos a actividade económica mais importante na Freguesia de Carcavelos, cuja fama perde-se no tempo. O Marquês de Pombal, que o produzia na sua quinta de Oeiras apreciava-o de tal maneira que D. José I presenteou com ele a corte de Pequim em 1752.
Embora as tecnologias aplicadas tenham mudado com os tempos, a essência deste vinho ter-se-á mantido imaculada até aos dias de hoje, com a sua produção dentro do território dos municípios de Cascais e de Oeiras, naquela que é a mais pequena região vinícola de Portugal.
Este néctar além de ser servido como aperitivo ou a acompanhar um "docinho”, pode ainda ser incluído em algumas receitas, das sobremesas às carnes, demonstrando assim a sua versatilidade e sabor único.
O “Carcavelos” é constituído pelas seguintes castas: Arinto, Galego Dourado e Ratinho, e apresenta uma cor de mel. É fortificado em grande parte com a famosa aguardente da Lourinhã. Evidencia altíssimos padrões de qualidade, e integra com o “Porto”, o “Madeira” e o “Moscatel de Setúbal”, o restrito grupo dos vinhos generosos portugueses, sendo considerado por inúmeros enólogos como um dos melhores aperitivos portugueses e um óptimo digestivo.
Este vinho licoroso, delicado, dourado topázio, aveludado, apresenta um certo aroma amendoado, adquirindo um perfume acentuado e característico com o envelhecimento, sendo por isso obrigatório um estágio mínimo de dois anos em vasilhame de madeira e de seis meses em garrafa, a contar da data da sua elaboração.
Mosteiro de Santa Maria do Mar vai produzir Vinho de Carcavelos
O Mosteiro de Santa Maria do Mar, em Sassoeiros, Carcavelos foi adquirido pelo município em 2017. A vinha do Mosteiro será o novo local de produção do tradicional Vinho de Carcavelos.
Após uma paragem na sua produção, o concelho relançou esta tradição através do projeto das vinhas comunitárias, em novembro de 2016, mas apenas para usufruto dos próprios viticultores e para o universo interno da autarquia.
No entanto, em 2019, neste Mosteiro foram replantadas vinhas em 2,7 hectares e de 3 castas (Arinto, Galego Dourado e Boal Ratinho), com o objetivo de relançar a venda ao público do Vinho de Carcavelos, tornar a produção mais profissional e recuperar o património.
A replantação destas vinhas faz prever que a primeira vindima se dê em setembro de 2021 e, embora seja difícil precisar o resultado quantitativo da primeira produção, estima-se que irão para venda entre 20 a 25 mil garrafas deste histórico vinho.
A CONFRARIA
No dia 28 de Novembro de 2009, viriam a entronizar-se os primeiros Confrades, denominados Confrades Fundadores, numa cerimónia realizada em Oeiras, sendo a confraria constituída a 15 de Abril de 2009, de modo a garantir a preservação, produção e divulgação nos mercados nacional e internacional, deste vinho. A criação desta confraria partiu de uma iniciativa do Município de Oeiras, à qual Cascais se associou, numa união de esforços em torno de um objetivo comum: a recuperação de um produto vinícola nobre e raro, salvando-o da quase extinção a que durante anos ficou votado. Este vinho generoso é produzido apenas na Região Demarcada de Carcavelos.
Pode encontrar mais informação no site da confraria
Saiba mais sobre a Rota dos Vinhos de Bucelas, Carcavelos e Colares aqui.
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