
Em épocas festivas já sabemos que os alimentos ganham protagonismo e um papel cultural muito grande. O antigo dito português “No Entrudo come-se de tudo” reforça a importância do alimento em tempo de festas. Esta frase estava muito associada à necessidade de os foliões se alimentaram bem, nutrindo o corpo para os 3 dias que se avizinhavam. Era precisa muita energia para dançar, brincar, levar os cabeçudos, e tocar música.
Segundo Manuel Paquete, autor do livro História Gastronómica de Lisboa (Colares Editora), o pão e o vinho, tendo em conta os seus atributos simbólico-religiosos, foram elementos centrais nas festividades do calendário litúrgico. O autor refere que existiam pães para todas as ocasiões, e o pão do Carnaval não era exceção.
Esta época é festejada nos três dias que antecedem a quarta-feira de cinzas. Noutros tempos a época carnavalesca tinha o seu início no Dia de Reis. Por essa altura os domingos eram dados a grandes comezainas, daí o nome ‘Domingos Gordos’. Foi assim que apareceram as feijoadas de Carnaval e as mais cobiçadas eram as do norte devido à fama do fumeiro da região. O caldo-verde, a sopa da pedra e o cozido à portuguesa também tinham lugar à mesa nesta época de festa, bem como a doçaria: pastéis de grão, azevias, sericaia, nogado…
Em Cascais as filhós de laranja eram típicas desta altura, e a tradição ainda se mantém nos nossos dias. Manuel Paquete também escreve no seu livro que em Lisboa a carne de porco parecia ser a iguaria do Carnaval.
Inspirados por esta revelação do autor de História Gastronómica de Lisboa partilhamos consigo a receita carne de porco com castanhas na cataplana, do livro de Receitas de Reis e Pescadores.
Bom Carnaval... em casa!
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