Dando início ao outono, entramos numa estação onde as vindimas acontecem, os dias ficam mais pequenos e as temperaturas baixam. Quando falamos em vinhos de outono vem-nos à memória o dia de São Martinho onde se abrem as talhas, se provam os vinhos do ano e percebemos se será uma boa época. Estes novos vinhos são bastante frescos, quer sejam brancos ou tintos, frutados e fáceis de beber. No entanto, o que podemos encontrar nas garrafeiras e supermercados os são vinhos de outros anos.
Aproveitando os dias são mais pequenos, um final de tarde relaxante, a ver o pôr de sol numa esplanada apanhando os últimos raios de sol que nos aquecem, podemos escolher vinhos com um “carácter” mais frutado. Estes vinhos são caraterizados por aromas intensos, onde o estágio em madeira confere ao conjunto estrutura, sabores mais marcados. Os vinhos brancos fazem a “ponte” entre o final do Verão e o início do Outono. Para uma prazerosa degustação de vinho branco estes vinhos são escolhas acertadas. Seguem algumas sugestões:
Vinhos brancos com madeira:
Quinta do Monte D´Oiro Reserva, Lisboa
Quinta de San Michel “Malvarinto”, Colares
Casal da Coelheira “Fernão Pires”, Private Collection, Tejo
Horácio Simões Grande Reserva “Boal”, Península de Setúbal
Vinhos brancos de Curtimenta:
Cascale “Siria”, Vinho Laranja ou curtimenta, Beira Interior
Escondido, vinho de curtimenta, Lisboa
Quinta da Lapa “Fernão Pirão”, Tejo
Contracena “Fernão Pires”, Vinho Laranja ou curtimenta, Tejo
Caso opte por petiscar acompanhando os vinhos sugeridos, escolha comidas de conforto, tais como, pica pau, chouriço assado, queijo de azeitão aquecido no forno, tábua de queijos e enchidos. Se preferir uma refeição clássica, a companhia mais adequada para estes vinhos serão pratos como bacalhau assado no forno, carnes grelhadas, entrecosto no forno e risoto de cogumelos.
Se é mais amigo do vinho tinto do que do vinho branco, pode optar por sair da sua zona de conforto e se aventurar na atual redescoberta dos vinhos palhetes ou claretes. Estes são vinhos de extração mais suave, cores mais abertas e que ao “longe” podem ser confundidos por rosés. Mas não se deixem enganar pela cor, estes vinhos são ligeiros, isto é, mais frescos, com caraterísticas frutadas, elegantes, ainda que com algum corpo, dependendo da casta ou do tempo de maceração. São escolhas acertadas para quem não gosta de vinhos tintos com muita adstringência - sensação de boca encortiçada provocada pelos taninos do vinho -, ligando muito bem com petiscos. Existem também os vinhos em amphora, que são de pouca extração e pouco contacto com a película da uva. São vinhos frescos e elegantes que podem ser as escolhas ideias para esta altura do ano, quando não se quer beber vinhos intensos e estruturados.
Deixo as sugestões de vinhos em amphora:
Húmus Palheto, Lisboa
Espera Palheto, Lisboa
Herdade do Rocim, Sommelier Edition, Rodolfo Tristão, Alentejo
Cascale Petroleiro, Alentejo
Art.Terra Curtimenta, Casa Relvas, Alentejo
Quinta do Piloto, Kamikaze, P.Setúbal
Estes vinhos mantêm a sua frescura e promovem os aromas da época do ano em que se inserem, aqui sobressaem os especiados, notas aromáticas mais fumadas e tostadas. Assim, sugiro petiscos, pratos de tacho, assados no forno para os acompanhar.
Se está a pensar que lhe faltava um vinho espumante, acho também que pode ser uma escolha acertada, mas nem todos os espumantes devem ser escolhidos. Os espumantes mais adequados para esta altura do ano são vinhos mais antigos, com pelo menos mais de 7 anos. São vinhos onde o gás e sua bolha está mais elegante, não muito forte, com aromas mais intensos, entre as notas de mel, especiado e frutos secos. Sugiro degustar estes vinhos com queijos de pasta dura e sabores fortes. Se quiser acompanhar uma refeição escolha assados no forno ou pratos de tacho. Aqui será importante referir a escolha do copo, para este tipo de espumante mais evoluído deve ser servido num copo de vinho branco para tirar todo o partido da qualidade do vinho e conseguimos sentir melhor o seu aroma e sabor.
Seguem algumas sugestões destes vinhos espumantes:
Monge, Tejo (2015)
Quinta da Ribeirinha, Tejo (2002)
Monte Cascas, Távora Varosa (2014)
Quinta do Rol, Lisboa (2011)
Caso tenha alguma dúvida, não hesite em nos contactar. Estarei à sua disposição para ajudar. Em relação aos pratos caso tenha dificuldade na escolha, pode sempre consultar o receituário disponível no Foodlab.
Rodolfo Tristão