Quem conhece a história de Joaninha, 'a menina dos rouxinóis', de Carlos, o herói romântico, e de Frei Dinis, que vai entrelaçando esta história de amor com as crónicas da sua viagem?
Viagens na minha terra de Almeida Garrett (a sua obra-prima, segundo o autor) é um misto de narrativa de viagens, de crónica jornalística, de novela sentimental, autobiografia, comentário político e quase que podemos dizer, uma veneração à nossa gastronomia. O romance deu-se a conhecer ao público pela primeira vez, em 1843, na Revisita Universal Lisbonense em formato de folhetim. Foram publicados, nessa altura, os seis primeiros capítulos da obra.
O romance é maioritariamente constituído por um relato verídico - a viagem de Garrett de Lisboa a Santarém, para visitar o então ex-chefe dos setembristas, Passos Manuel - mas também existe uma narrativa encaixada, pura ficção, a tal novela sentimental entre Joaninha e Carlos.
Em Viagens na minha terra, é notória a paixão de Garrett pela gastronomia. Este é um livro escrito com os 5 sentidos. Amante de uma boa taberna no Ribatejo, o escritor observa o nosso país de uma forma primorosa. Ele comenta, medita e evoca. Regista a existência das árvores de frutos, a qualidade do vinho.
E por falar em vinho... Em honra a este livro com sabor do nosso Portugal, resolvemos inovar. Na sua obra, o autor refere o arrobe, uma espécie de geleia que é obtida através da concentração, ao lume, do mosto da uva. Fomos procurar uma receita e encontrámo-la no livro Almeida Garrett - Viagens na cozinha portuguesa, da Colares Editora. Aventurámo-nos numa abordagem mais contemporânea de arrobe com mosto de Vinho de Carcavelos.
Não sabemos se o autor colocava arrobe nas torradas, que ele tanto apreciava, mas você pode fazê-lo, enquanto se deleita com a prosa moderna portuguesa que nasceu com este livro de Garrett.